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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Considerações sobre o discurso do Dep. Freixo na ALERJ


A violencia no RJ não é um caso de inteligência. Essa perspectiva é muito pobre para aqueles que se reivindicam da esquerda. Os 'traficantes' são fruto do processo histórico e excludente da sociedade capitalista. Dizer que a violencia no RJ é problema de alocação de recursos na inteligencia é o mesmo que dizer que a violencia é caso de polícia. E esse discurso não é, definitivamente, o discurso da esquerda.

Confesso que fico muito decepcionado ao ler esse discurso do dep. Freixo.

E a conclusão do discurso é ainda pior... Quando o dep. diz que nunca há ações em conjunto entre as diversas forças militares, tal qual a que acontece hoje no RJ, porque essas ações não são do interesse dos verdadeiros traficantes, a saber a elite por detrás do morro. Se o Estado tem um caráter de classe, e a classe dominante está por trás do verdadeiro tráfico, quais os reais motivos para essa classe colocar uma força armada no próprio encalço? Esquizofrenia social? O filosófo já alertava, não existe suicídio social. Pois então, uma força armada, dirigida pelo Estado burguês, nunca se enfrentará contra seus dirigentes, a não ser que o período vivido seja um período de Revolução.

Mas essa discussão é muito importante ser feita. Espero, com esse breve comentário, poder contribuir de alguma forma para o debate.

Fonte do discurso do Dep.: http://www.marcelofreixo.com.br/site/noticias_do.php?codigo=114
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terça-feira, 9 de novembro de 2010

A UNE somos nós... Nós, quem?


Desde o primeiro governo do Lula, o movimento estudantil sofre modificações profundas no que diz respeito a sua organização e prioridades. Da mesma maneira deu-se nos demais movimentos sociais, tal como o movimento operário, os movimentos contra as opressões (racismo, machismo e homofobia).

Com um governo supostamente aliado, a maioria dos movimentos sociais foram, graças a suas direções (invariavelmente PT e PCdoB), se alinhando as políticas neoliberais do Lula.

A União Nacional dos Estudantes (UNE) não ficou incólume a esse processo. Desde a subida do Lula ao Planalto, a UNE deu adeus as lutas estudantis. Em Salvador, em 2003, a UNE, juntamente com a UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), vendeu a luta dos estudantes contra o aumento da tarifa de ônibus. Em troca ganharam o monopólio da meia entrada diretamente no salvador card (instrumento da bilhetagem eletrônica). Em 2007, quando a UFBa viveu um processo de luta intenso contra o REUNI - que em síntese significa o sucateamento da universidade pública e sua consequente privatização - a UNE fazia caravana a favor da (contra) reforma universitária.

Então temos a UNE alinhada com os empresários de ônibus em Salvador, com a Prefeitura de Salvador e com o governo Lula. Seria com essas instâncias que os estudantes querem que sua entidade representativa se alinhe?

Hoje, um movimento estudantil que se coloque contra os ataques feitos à educação, tem que necessariamente de se colocar contra a UNE. A trincheira que os estudantes se colocam contra os ataques neo-liberais do governo foi abandonada pela UNE. Essa entidade que um dia representou o que havia de mais avançado no movimento estudantil, utiliza toda a sua história de luta para arrastar os estudantes para a barra do governo do PT.
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quinta-feira, 29 de julho de 2010

Os Partidos e o sentimento de repulsa




Eleições chegando e se faz necessário abordar certas tendências do movimento estudantil. Uma das tendências mais fortes, e não só no movimento estudantil, mas também em outros movimentos sociais, é o sentimento antipartidarista.

Em qualquer lugar sempre há crises por conta das bandeiras dos partidos. E como surge esse antipartidarismo? Qual as consequências desse "sentimento"? O antipartidarismo é consequente? São algumas perguntas que se impõe nessa discussão.

Uma das causas desse sentimento é a não conscientização das pessoas. Essa não conscientização é característica de forças políticas que não tem democracia interna e tudo vem de "cima pra baixo", ou seja, dos dirigentes para os militantes de base. Então esses militantes da base colocam esse modelo em prática nos lugares onde atuam, tentando fazer as pessoas de "massa de manobra". E para ser "massa de manobra", as pessoas não precisam pensar.

Mas até onde vai a resistência aos partidos? As mesmas pessoas que têm horror aos partidos políticos (e tenho a impressão que a rejeição é maior se o partido é de esquerda!) seguem votando nos mesmos picaretas de 2 em 2 anos. Ninguém pode ser do PSTU (ou do PSOL, ou PCB), mas todo mundo quer votar no Lula e no PT?

Penso que se queremos mudar o mundo de verdade temos que nos associar com pessoas que pensem da mesma forma. Se queremos fazer/participar de uma Revolução, temos que nos associar com pessoas que pretendem o mesmo. Assim nasce o Partido Revolucionário. E da mesma forma, mas com interesses antagônicos, nascem os partidos da burguesia e dos reformistas (operários que querem administrar o capitalismo).

Se você não quer se associar a nenhum partido, isso é uma escolha que deve ser repeitada. Mas lembrem-se sempre: "a indiferença frente uma luta entre desiguais é sempre cumplicidade com o mais forte".
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sábado, 17 de julho de 2010

Os abusos da gestão "prepara uma avenida..."

Mais uma vez esse espaço terá como finalidade discutir questões relacionadas ao movimento estudantil da Uneb. Mais especificamente o campus I (Salvador), e ainda mais específico, o movimento de pedagogia.

Mesmo sem poder falar concretamente em datas (devido ao "misterioso" sumiço do livro de atas, onde constaria a data do ínicio e do fim da gestão), mas baseando-se na data da eleição do ano passado (ínicio de junho), a gestão "prepara uma avenida que a gente vai passar" já findou-se.

Mas isso não quer dizer nada aos que ignoram esses "detalhes" e continuam promovendo seus nomes como representantes dos estudantes de pedagogia da Uneb, campus I, Salvador. Assinam emails em lista como gestão do DAPED (Diretório Acadêmico de Pedagogia), falam em nome dos estudantes nos espaços do movimento social.

Além do livro de atas que sumiu, o estatuto (que foi solicitado por mais de um estudante nos últimos seis meses) também teve seu fim desconhecido. Ninguém sabe onde se encontra a "carta magna" do DAPED. Em outras palavras, não há mais regras! E se der na cabeça dos que dizem representar os estudantes permanecer lá por tempo indeterminado, eles ficarão!

Os estudantes não podem permitir os abusos do grupo que hoje está à frente do diretório acadêmico.

Para evitar ter que escrever aqui sobre o mesmo assunto, é preciso dizer algo sobre o encontro nacional dos estudantes de pedagogia (ENEPE). Saiu um ônibus do departamento de educação da Uneb. Toda a articulação do ônibus, incluindo aí quem iria ou deixaria de ir, ficou a cargo da ex-gestão que ainda ocupa o diretório.

Qual o critério para ir ou não ao ENEPE? Será que houve divulgação suficiente do evento? Houve uma seleção justa para o encontro? Houve discussões sobre a importância do encontro e o seu tema?

Essas perguntas tem por resposta a negativa. No entanto, somente os estudantes organizados podem demonstrar que o autoritarismo, desmandos e ignorância não podem representar futuros professores.


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terça-feira, 22 de junho de 2010

A GREVE DERROTADA: CONSIDERAÇÕES



Depois de uma semana em greve (iniciada em 10/06 e findada em 17/06), os professores combativos foram derrotados em assembléia pelos governistas. Liderados pelo profº Sérgio Guerra, os governistas utilizaram os mais estapafúrdios argumentos como “a greve está isolada em relação às universidades estaduais (são quatro no total: Uneb, Uesc, Uefs e Uesb)” ou “o governo vai cortar o ponto dos professores”, dentre outros.

Não parece necessário enumerar todos e refutar tais argumentos. A Universidade do Estado da Bahia (Uneb) tem uma situação muito peculiar. Os seus vinte e quatro campi passam por um perverso processo de sucateamento, que vai desde a falta de professor até a precária estrutura física, quando existe uma estrutura física própria nos campi do interior. O salário dos docentes é um dos mais baixos de todo o Nordeste, sendo deste modo incompatível com a riqueza produzida pelo Estado em relação aos demais da região. A assistência estudantil é ineficaz. A greve dos docentes não era só legítima, mas imprescindível.

SURGE O MOVIMENTO ESTUDANTIL COMBATIVO.

De meros expectadores a sujeitos. Esse foi o percurso feito por estudantes que acompanhavam a assembléia que deflagrou a greve docente. Após a deflagração cerca de vinte estudantes reuniram-se no pátio do Departamento de Ciências da Vida (DCV-campus I – Salvador) para discutir a situação. Dessa reunião resultou uma mobilização de última hora que fez passagem nas salas dos departamentos que tem aulas noturnas, elaborou convocatória e a espalhou por todos os meios disponíveis, divulgando a assembléia estudantil marcada para o dia seguinte. Na assembléia o número de estudantes triplicou! Mais de oitenta estudantes se reuniram para pensar uma pauta própria do movimento e a melhor forma de marchar ombro a ombro com os professores em greve, a fim de derrotar o governo Wagner/PT e conquistar melhorias para a educação pública.

Essa movimentação estudantil se deu por fora do Diretório Central dos Estudantes (DCE), ou mesmo contra ele. A representação máxima dos estudantes da Uneb era contra a greve em defesa da educação pública e a favor do governo. Não é mera coincidência o DCE ser dirigido por estudantes filiados ao PT.

Mais verbas para a educação, revogação da lei 7176/97 que fere a autonomia universitária, rubrica específica para assistência estudantil, restaurante universitário, ampliação do acervo da biblioteca. Esses são alguns pontos da pauta construída pelos estudantes mobilizados.

OS GOVERNISTAS SE MOBILIZAM

Enquanto os estudantes começavam a se mobilizar e os grevistas arquitetavam as próximas ações do movimento, os governistas mobilizaram pesado para abortar a greve na assembléia de avaliação do movimento.

Era possível ver, durante a assembléia, os governistas telefonando para seus pares comparecerem para o momento da votação. Quando enfim chegou o momento de votar a manutenção da greve o auditório estava tomado. E a greve foi então abortada, por uma votação de 93 contra a 58 a favor. Só essa votação já demonstrava o intento de preservar o governo em detrimento da luta por uma educação de qualidade. Mas eles foram além. Ao votarem pelo fim da greve, propuseram o retorno ao estado de greve. Cinicamente queriam se colocar como professores de luta, saindo da greve e retornando ao estado de greve! O comando de greve atacou a proposta indecorosa e conseguiu barrar a transformação da tragédia em comédia. Por fim, os professores governistas, sob vários pedidos de explicação, aprovaram o estado de mobilização. Foi dessa forma que o cênico deu lugar ao circense e seus atores promovidos a palhaços.

O PROTESTO SOLITÁRIO

Um estudante do campus V (Stº Antônio de Jesus), que acompanhava a assembléia, não se conteve ao final da votação que encerrou a greve e vociferou contra os professores que estes envergonhavam os estudantes e que o fim da greve não seria respeitado pelo movimento estudantil de sua cidade que ocupava o campus contra o sucateamento. Contrastando com esse protesto com cara de desabafo, o sorriso de escárnio e cinismo estampava no rosto de um estudante filiado ao PT, diretor do DCE.

A LUTA CONTINUA

A greve foi derrotada. O governo acusa os grevistas de ter interesses eleitoreiros. No entanto a universidade pública cai aos pedaços. As propagandas, cada vez mais apelativas, enaltecem os ‘feitos’ do governo Wagner/PT. Quem, afinal, tem interesses eleitoreiros?

Os estudantes mostraram que têm maturidade política para discutir os problemas da universidade. Mesmo quando seus representantes (o DCE) não promovem essa discussão, ao contrário, tenta obscurecer ao máximo de quem é a responsabilidade do sucateamento da educação pública.

A luta por uma educação pública, gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada não pode abrandar. Os professores perderam uma batalha, mas a guerra continua. E os estudantes, com sua pauta própria, referenciada em assembléia podem e devem assumir a dianteira desse processo. A vanguarda dessa luta pode ser o lugar onde devem se encontrar os combativos estudantes em defesa de uma educação de qualidade. Até a vitória, sempre, estudantes!
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terça-feira, 15 de junho de 2010

Direito de Greve e a Greve na UNEB

O direito de greve não é uma concessão dos nossos inimigos de classe, mas antes uma conquista da classe trabalhadora. Uma conquista da organização de nossa classe que compreendeu a necessidade de ser classe para si.

No Brasil, os trabalhadores 'descobriram' a greve no início do século XX e foram duramente reprimidos pela oligarquia do "café com leite". Essa 'descoberta' muito se deve aos trabalhadores imigrantes, com suas tradições de luta.

De lá para cá muita água já rolou debaixo dessa ponte. O novo sindicalismo, com o surgimento da CUT, deu uma punhalada mortal na ditadura, em fins da década de 1970. Esse mesmo novo sindicalismo foi totalmente cooptado pelo Estado burguês com a eleição do Sr. Luis Inácio. E atualmente a classe trabalhadora brasileira tenta se reorganizar. A Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas) e o CONCLAT (Congresso Nacional da Classe Trabalhadora) são partes desse processo.

E por falar em Conlutas, como não falar da greve promovida pela ADUNEB (Associação dos Docentes da UNEB), filiada a ANDES-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições do Ensino Superior), na UNEB? A greve foi deflagrada no dia 10 de junho, às 17:30h. É preciso dizer que a greve é uma resposta a intransigência do governo wagner-PT/PCdoB em negociar a pauta da categoria.

Defender uma greve docente sendo estudante sempre é muito complicado. Primeiro porque é sempre um desafio se colocar contra a consciência acomodada de alguns setores dos estudantes e segundo porque o corporativismo estudantil é muito grande na época dos alunos do lema: "o que eu quero é meu diploma".

Ninguém quer se prejudicar. No entanto ninguém propõe nada de concreto. Alguns de nós estudantes não queremos entender que esse momento de luta iniciado pelos professores é um momento nosso também! Essa é a verdadeira questão. O governo vem mantendo a lei 7176/97 que fere a autonomia universitária e dando continuidade a política carlista de sucateamento da educação publica. E nós estudantes? Ah, nós não queremos atrasar nossa formação...

Alguns estudantes de vários cursos do campus I (Salvador) se reuniram após a deflagração da greve e iniciaram um movimento que deve levantar a bandeira de luta por uma educação pública de qualidade. Isso significa lutar por mais verbas para a educação, restaurante universitário, ampliação do acervo da biblioteca, creche para as estudantes/mães, residência universitária.

Esses estudantes mobilizados lutarão ombro a ombro com os professores contra o governo intransigente de wagner-PT/PCdoB. Mas lutarão com sua própria pauta, pois a educação pública na Bahia não está boa nem para os professores, nem técnicos administrativos, muito menos para os estudantes.

Esse é o momento! O momento dos estudantes tomarem em suas mãos a história. O momento de organizar e lutar por qualidade na educação. Junte-se a nós! Venha construir o futuro e a nova educação!

Todo o apoio a greve dos Professores!

Estudante mobilizado é estudante forte!

Nossa formação merece respeito! Educação de qualidade, já!
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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Considerações sobre o cu do mundo

Nasceu uma polêmica esses dias no twitter. Uma greve de rodoviários estorou em Fortaleza, Ceará, e logo de manhã a tag #grevedeonibus era uma das mais postadas no twitter. No decorrer da manhã várias pessoas se sentiam a vontade para defender diferentes tipos de posição: contra a greve, a favor, falando bobagens que não tinha a ver com a greve, etc. Mas, eis que de repente apararece um tweet com a seguinte mensagem: "Nossa quando vi nos TT Brasil #grevedeonibus me deu até uma certa raivinha, tipo: DE NOVO? / Mas já soube que é lá no cu do mundo.
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domingo, 25 de abril de 2010

AO CAMARADA HERMENEGILDO NETO

O costume é sempre se fazer as homenagens quando a pessoa homenageada falece. Quebrando com esse postulado, escrevo agora sobre meu grande amigo e um dos militantes mais capazes e com um potencial enorme para desenvolver suas capacidades revolucionárias. Com uma inteligência fora do normal e uma perspicácia muito aguçada, Neto tinha tudo para ser um dos principais quadros dirigentes do movimento estudantil.

Travada a primeira relação

A sala era ampla, mas a quantidade de estudantes dispostos a discutir assuntos como ALCA, invasão imperialista no Iraque e alguns pontos relativos ao movimento estudantil do CEFET-Ba (hoje IFBA) tornava a sala pequena. Lá estava Neto, com um adesivo do PCdoB no peito, quase um outdoor. Diante da nossa tentativa de inverter a pauta, (ao invéns de discutir os problemas do Cefet primeiro, era preciso discutir as questões mais pertinentes naquele momento.), Neto foi solidário conosco. E assim ele veio até nós discutir que achava acertada a nossa proposta. Estávamos Wellington e eu. Quando saímos da reunião, tive uma breve discussão com o camarada de Partido, que sempre foi uma referência política pra mim, sobre a capacidade do novo companheiro de movimento estudantil. Neto devia contar com 15 ou 16 anos. Wellington me dizia que ele um stalinista convicto e que jamais viria militar do nosso lado. Discordei. E insisti.


Rasgando as últimas lembranças do reformismo

 
Discutimos dias, semanas, com Neto. E acabamos por vencer a batalha teórica que o ligava ao stalinismo. É bem verdade que sua sede militante, não correspondida pelo cretinismo parlamentar do pcdob, ajudou bastante. Ele já havia nos vistos em atos, com nossas bandeiras, panfletos, vendendo nossos jornais, discutindo a nossa política com os transeuntes. Finalmente, Neto compareceu à nossa sede para participar da primeira reunião. Além da imensa felicidade e prazer de ganhar mais um para a causa revolucionária, tive o prazer pessoal de curtir com a cara do camarada Wellington (muito embora, também ele já acreditava na possibilidade real de ter Neto conosco).


O Partido

Militávamos no mesmo núcleo, secundarista. Mesmo com todas as dificuldades, as discussões sempre ganhavam um caráter mais contundente com as contribuições do camarada Neto. A disciplina sempre foi um obstáculo que impedia, tanto eu como Neto, desenvolver o nosso máximo dentro do Partido. Os balanços eram duros nesse sentido, e tanto ele como eu reconhecíamos que agíamos sempre aquém das nossas possibilidades. Sempre tivemos boas relações partidárias e de amizade também.


Amigos para além do Partido.

Acompanhei a trajetória do camarada Neto desde seu inicio. Acompanhei a passagem da adolescência para a maturidade. Compartilhamos nossas vidas. Ele confiava em mim e eu acreditava muito nele. E ainda acredito. A crise que ele entrou, abandonando assim o cefet-ba, entrando para um grupo anti-racista e anti-nazista chamado “red skin”, e por fim, seu afastamento do partido. Mesmo com tudo isso, e apesar dos conselhos e avisos que lhe dávamos (aqui não só eu, mas uma série de camaradas tiveram conversas com Neto), ele seguiu outros rumos. Isso não nos afastou. Neto conseguia fazer com que nós ‘orbitassemos’ em sua volta. Formamos assim um circulo, ou melhor, quarteto de amigos muito leais. Auto-proclamávamos de quarteto fantástico. E foi um momento muito feliz na nossa convivência. Mas a vida dá golpes nas grandes amizades. E com essas não foi diferente. Afastamo-nos.


O Afastamento

Neto passou duas vezes no concorrido vestibular da UFBa. No entanto nunca pode ingressar na faculdade, devido não ter concluído o ensino médio. Não sabe a dor e impotência que isso me trouxe e até hoje carrego a culpa de não ter conseguido impedi-lo de abandonar o cefet.


Por fim, a nossa relação estava segura por um gosto em comum pela literatura. Escrevíamos e líamos os trabalhos um do outro. Até que Neto entrou em um estado de depressão e viajou para o encontro de sua mãe, nos EUA. Antes de qualquer julgamento preconceituoso, a mãe dele sempre foi uma trabalhadora nos EUA, mão-de-obra barata no coração do imperialismo.


Perdemos contato, mas a esperança de um dia retomar essa amizade e nossas discussões políticas que varavam a noite, que nunca teve consensos e sempre acrescentava, um dia ainda vai contribuir para o sucesso da Revolução Socialista nesse país.


Viva o Socialismo! Viva a Revolução!
Viva meu grande amigo Neto!
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quarta-feira, 21 de abril de 2010

AS ELEIÇÕES DO DIRETÓRIO ACADÊMICO DE PEDAGOGIA – UNEB/CAMPUS I

É preciso assegurar as eleições para o Diretório Acadêmico de pedagogia – Uneb – Campus I, imediatamente. A atual gestão pretende protelar até junho ou julho. A conclusão que se pode tirar disso é justamente NÃO ter essa eleição. Por que afirmamos isso? Primeiro que em junho teremos a copa do mundo, e por mais que a gente se esforce, a discussão sempre ficará em um plano muito aquém do esperado. E não me venha com argumentos machistas, que o curso é amplamente feminino, pois também as mulheres assistem e torcem na copa do mundo! E em julho começa as discussões sobre as eleições. Todo brasileiro se virará para a discussão do futuro do nosso país.

Com uma gestão apagada, sem uma assembléia durante todo o tempo da gestão, sem nenhuma luta consistente sobre os problemas que tocam seriamente os estudantes, um pré-ENEP que faz vergonha chamar assim aquela exibição do filme “V de Vingança”, sem nenhuma discussão depois, apenas uma fala de dois membros do DA, dentre outras coisas. Mas aqui não é o espaço para fazer o balanço da gestão.

Nesse espaço é preciso cobrar o edital de abertura das eleições e as suas respectivas datas. O mais correto é fazer o mesmo calendário do ano passado. Por isso sugere-se que a gestão seja o mais correta possível e mantenha a responsabilidade para com a representação estudantil.

Para além dos dois problemas apontados, temos os seguintes pontos: por que vai se dar o processo eleitoral em junho ou julho tendo em vista que a gestão completa seu período em começo de junho? Em começo de agosto acaba o semestre. Será que é certo deixar um processo eleitoral se dar tão perto do fim das aulas, em meio aos trabalhos, TCC´s e demais atividades acadêmicas? Se há um estatuto que determina o período de gestão, é certo ‘rasgá-lo’ assim, passando do período adequado de se fazer as eleições?

Não dá pra entender essa falta de vontade política da atual gestão. Ou lançam o edital, convocando as eleições pro mês de maio ou estudantes podem tomar as medidas cabíveis para fazer esse processo acontecer, à revelia da atual diretoria!
Saudações Estudantis,

Cléo Ricardo
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sexta-feira, 26 de março de 2010

REMANESCENTES: O LIMBO DA UNEB

O momento é propício no departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia para fazer a discussão sobre o nosso curso. Afinal de contas, vai haver uma jornada pedagógica para demonstrar a capacidade do departamento para a promoção de conhecimento e socialização do mesmo.

O que acontece dentro do departamento, por detrás dessa grande “festa pedagógica”, é a falta de respeito pelos seus estudantes, especialmente pelos remanescentes. Os estudantes do curso de Pedagogia, que passaram pela peneira do vestibular, hoje se deparam com um obstáculo muito maior: a burocracia burra da instituição.

Estudantes que, por algum motivo, tiveram que largar disciplinas, não se matricular ou perderam alguma disciplina, sofrem com a incompetência por parte dos dirigentes do departamento de gerenciar, distribuir e oferecer as disciplinas pendentes. A verdade é que a política do departamento foi fazer uma espécie de progressão continuada com os estudantes, tendo em vista a substituição do currículo por outro imposto pelo MEC. Mesmo assim não foi suficiente. Alguns estudantes ficaram pra trás. E agora fica a pergunta: e quem passou no vestibular para o currículo velho? Como vai ficar a situação desses estudantes? O departamento vai enrolar eles até o prazo de se concluírem e serem jubilados? E como se justifica o gasto do dinheiro público nesse caso?

Evidentemente que não se aprofundará aqui as séries de outros problemas e desrespeitos com os estudantes da Uneb. Exemplo disso pode ser visto na opinião de certa funcionária da secretaria acadêmica: Ô meu filho. Sua situação está muito ruim, né? Você poderia largar o emprego e cursar o que falta pela manhã? Ah, não pode? Eu sei que você fez vestibular pro curso noturno, mas é que seu currículo acabou. Então eu acho melhor você largar a faculdade. Não dá pra você... Isso é ou não é desrespeito?

Sem falar que, em um departamento com mais de cem professores (isso é número extra-oficial), acontece que, de quando em quando, há uma mobilização para substituir professores, pois os estudantes estão cansados do descaso de certos professores. Toda turma nesse departamento já passou por isso, pelo menos uma vez. E se não passou, com certeza vai passar. Não era o caso de versar sobre problemas outros que não fossem de remanescentes, mas a indignação é tamanha que o atual quinto semestre noturno está travando uma batalha para eliminar uma disciplina, pois o departamento disponibilizou sete delas, quando essa carga horária não pode se adequar à semana letiva. Para isso a direção quer tratar essas disciplinas como se fossem EAD (educação à distância) prejudicando ainda mais a frágil formação que se tem no curso de Pedagogia da Uneb.

Esse texto não prima pela exigência de uma educação de qualidade. Isso já seria um segundo passo. Esse texto tem o objetivo de expressar a revolta contida nos nervos dos estudantes que passam por essa situação de remanescentes. Aqui não se exige uma educação de qualidade, mas qualquer educação. Que pelo menos exista essa educação.

Fica assim registrada a insatisfação, ou melhor, a indignação de uma das vítimas do descaso da Uneb para com seus estudantes. É chegada a hora de testar outras formas de resistência no departamento de educação. A jornada pedagógica está aí. Quem sabe se ela não acontecesse, o diretor não tomava providências?
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